Pelo menos três mil pessoas foram na manhã deste domingo (15), ao evento organizado pela Emdhap (Empresa Municipal de Habitação de Piracicaba) em busca de informações e de participar do sorteio de 1.920 casas do programa “Minha Casa, Minha Vida”. O ginásio municipal Waldemar Blatkauskas, que comporta três mil pessoas sentadas, ficou lotado.
Por volta das 08h30, a reportagem do PIRANOT flagrou uma grande aglomeração de pessoas fora do ginásio, dentro e ainda uma fila que dobrou o quarteirão do Estádio Municipal Barão de Serra Negra. O sorteio foi marcado por um show de desinformação, confusão e boatos pelas redes sociais ao longo da semana. A Emdhap não forneceu através de seu site informações úteis sobre o que seria realizado no local e o que foi divulgado por vereadores gerou dúvidas e revolta.
Ao que se sabe até o momento é que as casas seriam dadas para pessoas classificadas por critérios. Quem recebeu avaliação de número 05 e 06 já estavam contempladas. Quem pontuou 04 e 03 participariam de um sorteio e classificações menores significavam que a pessoa estava desclassificada. Mesmo assim, um idoso abordou a reportagem do PIRANOT e estava lá com esta pontuação querendo participar do sorteio.
O programa “Minha Casa, Minha Vida” foi criado pela presidente afastada Dilma Rousseff (PT) quando ela ainda era ministra do ex-presidente Lula. A construção das moradias na região de Santa Terezinha foi autorizada recentemente e custou cerca de R$ 196 milhões.
No ato nesta manhã, militantes do PT distribuíram panfletos criticando o afastamento da presidente que corre o risco de ser caçada por crime de responsabilidade fiscal. No mesmo documento, haviam críticas ao PSDB, atual governo local em Piracicaba, e ao presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), acusado de querer promover cortes nos programas sociais, entre eles o “Minha Casa, Minha Vida” de Dilma.
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REVOLTA – Por ser a primeira vez que está ocorrendo em Piracicaba, poucos conheciam como seria a ‘seleção’ do “Minha Casa, Minha Vida”. Isso gerou muitas dúvidas. A Emdhap recebe criticas nas redes sociais sobre a falta de informação no processo final.
Para leitores do PIRANOT, não havia a informação de quais eram os critérios que seriam adotados para a entrega dos apartamentos. Em pesquisa no edital, em um decreto municipal e uma portaria federal, tomamos conhecimento das prioridades e de como se dava a pontuação. Pessoas que moram em áreas de risco, deficientes físicos, mulheres, moradores da região onde foi construído as moradias teriam mais chances. Ter votado e trabalhado na cidade nos últimos cinco anos também era uma exigência.
Helena de Fátima está na fila aguardando uma casa há 11 anos. Ela recebeu o critério 02 e estava desclassificada, mas mesmo assim foi ao sorteio. “Moro na Vila Sônia, pago aluguel, estou desempregada, meu marido também, aí chego aqui e vejo uma pessoa que já ganhou casa e está de novo esperando o sorteio. É muita injustiça”, disse ela à reportagem na saída do ginásio.
Deise Dias também falou com o PIRANOT. Ela estava na fila há 19 anos e foi chamada pela primeira vez. “Não sei se vou entrar, estou com medo. Está muito cheio o ginásio, temo sair alguma confusão, mas recebi o critério 04, tenho chances de ganhar”, disse ela que permaneceu do lado de fora aguardando notícias.