Em mais de quatro horas de questionamentos sobre a constante falta de água na cidade e os recorrentes problemas com variações exorbitantes em contas entre um mês e outro, a Câmara de Vereadores de Piracicaba cobrou na noite desta quarta-feira (20), durante audiência pública com o presidente do Semae, José Rubens Françoso, a instalação de um comitê de crise na autarquia.
A constatação dos parlamentares é que, diferente das explicações que buscam enquadrar as diversas reclamações como “problemas pontuais”, há uma situação generalizada no município e, muitas vezes, a população tem dificuldade em resolver as pendências com segurança e agilidade por parte da autarquia.
“Fica aqui a importância de criar este comitê de crise, fundamental para dar respostas à população e para que possamos dar celeridade a essa questão”, avaliou o vereador André Bandeira, que presidiu a audiência pública.
Apresentada pelo vereador Marcos Abdala, a proposta é que as reclamações referentes, principalmente, a erros nas contas sejam tratadas de maneira específica, em sistema paralelo ao atendimento cotidiano feito pela autarquia. “Eu estaria requisitando se é possível ser feita uma comissão específica para analisar estes problemas”, disse o parlamentar.
Ele indagou o presidente do Semae que, quando a população liga nos canais de atendimento da autarquia, fica vários minutos esperando e não conseguem uma resposta. “Por isso, a necessidade de um comitê”, enfatizou.
De acordo com os parlamentares, o comitê de crise contribuiria também para ter um conhecimento mais qualificado do problema, como disse o vereador Jonson Oliveira. “Se eu tenho em um bairro 10 reclamações e em outro 100, então alguma coisa deve estar errada”, disse.
O presidente do Semae reconheceu que a autarquia não tem um levantamento que qualifique estas reclamações a partir da origem e natureza.
“Acho que seria interessante (esse tipo de levantamento) para que tenhamos um parâmetro sobre quantas pessoas estão com problema”, reforçou Jonson.
Na mesma linha seguiu o vereador Isac Souza. “O que tem sido colocado para nós é que o atendimento seja feito com mais urgência, sobretudo para os casos mais crônicos, isso ajudaria a tranquilizar a população”, enfatizou.
A vereadora Coronel Adriana e o vereador José Longatto também destacaram a necessidade de melhora na captação das demandas dos contribuintes. “É importante ter um relatório sobre as ligações”, disse a parlamentar. “O Semae precisa de uma ouvidoria, iria facilitar para ir até o ponto do problema”, lembrou Longatto.
O vereador Lair Braga reforçou o pedido dos colegas de plenário para que a autarquia agilize a solução dos questionamentos. “Queria que fosse criado um gabinete de crise para que os problemas fossem resolvidos”, disse.
Vice-presidente da Mesa Diretora, Pedro Kawai avaliou que embora as explicações tenham sido “bem plausíveis”, a criação do comitê e de uma futura ouvidoria do Semae, ajudaria para ter um canal direto de ligação com os contribuintes. “Estamos em um momento de crise e de pressão popular”, disse.
Servidor licenciado do Semae, o vereador Rerlison Rezende cobrou melhor condição de trabalho para os funcionários da autarquia e lembrou que o objetivo das cobranças, muito além de ser oponente, é exercer o papel de fiscalização. “Todos nós queremos o bem do Semae, todos os movimentos democráticos são válidos, desde que sejam em prol da população”, disse.
Outros vereadores também fizeram questionamentos ao presidente Semae, desde o problema do ar na rede – já que algumas denúncias dão conta de que pode aumentar o valor das contas – até questões mais pontuais, encaminhadas por eleitores, passando pela necessidade constante de investimentos para a qualidade do serviço oferecido pela autarquia na cidade.
Já entre a população, foram apresentadas perguntas a respeito do tratamento de esgoto, variação e critérios para cobranças de acordo com metros cúbicos e critérios para realização de serviços dentro das residências.
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Durante a sua explanação, o presidente do Semae, José Rubens Françoso, apresentou plano de investimento, detalhou o funcionamento do sistema de abastecimento de água, assim como informou valores orçamentários. Participaram ainda da audiência o diretor de operações, Pedro Alberto Caes, e o diretor de tratamento de água, José Maria Marchiori.
Estiveram representantes da Ares-PCJ (Agencia Reguladora de Saneamento das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), Dalton Prachi e Gabriel Bertola. A deputada estadual eleita Maria Izabel Noronha, a Bebel (PT), também participou da audiência pública.