Em comemoração ao Dia do Planeta comemorado em 22 de Abril e que também foi comemorado para nós brasileiros o aniversário do Descobrimento do Brasil há 514 anos.
AS SAGRADAS ESCRITURAS E O MEIO AMBIENTE
por DAVID LORENZON FERREIRA
Questões ambientais parecem fáceis de serem entendidas, pois fazem parte dos livros didáticos e invariavelmente a maioria das pessoas já teve informações sobre o tema, assim como a mídia evidencia cotidianamente fatos, catástrofes e os mais diversos fenômenos que ocorrem quase em toda parte do globo terrestre devido às recentes mudanças climáticas.
No entanto, para os especialistas esse é um tema muito complexo em escala global, especialmente porque influencia as atividades humanas na Terra. Nosso estilo de vida no século XXI faz grandes demandas ao meio ambiente, pelo fato de usarmos cada vez mais recursos como combustível fóssil, madeira e água sem entendermos claramente quais serão as conseqüências iminentes às nossas eminentes ações.
Sobre o convívio do homem com a natureza, existem na maioria das religiões sobre a face da Terra, textos organizados em livros que exaltam a preocupação com o Meio Ambiente que apresentam similaridades nítidas a respeito da visão do mundo natural singulares às suas tradições milenares: a Bíblia (comum a todos os cristãos), a Torá (Livro de Leis do Judaísmo), o Alcorão (Livro Sagrado do Islã), o Vedas (Hinduísmo) e o Tripitaka (Budismo).
Gênesis (origem, nascimento, criação): primeiro livro sagrado tanto da Bíblia Hebraica – a Torá (Leis) como da Bíblia Cristã. Sua autoria foi tradicionalmente atribuída pela tradição judaico-cristã a Moisés, um profeta e legislador hebraico. Esta tradição é baseada em diversas passagens da Bíblia Hebraica que retratam Moisés “escrevendo”.
A história dos primeiros capítulos do Gênesis não é simplesmente uma história de dois homens (Adão e Eva) que deram início à humanidade, mas a transmissão de uma grande verdade: (toda) a vida vem de Deus e nós somos suas criaturas. A Torá descreve toda a humanidade como descendendo de um único homem e – uma única mulher. Esta esmagadora evidência genética coincide, embora a data ainda seja de certa forma vaga.
Na Torá, o conceito da Divina Providência dentro da natureza, exige um universo que é apenas vagamente linear, rejeitando o conceito determinista de que causa e efeito – estão inerentemente ligados. A Torá reconhece o papel da consciência humana como participante ativo, não passivo, na formação da realidade em que vivemos e confia firmemente no conceito de sinergia: o todo é maior que a soma de suas partes.
A Torá descreve o planeta Terra e todo o cosmos em termos holísticos, ou seja, ela atribui novas visões aos saberes antigos. E, de acordo com essa concepção holística do Universo (onde a essência é o todo e a parte ao mesmo tempo), ela procura mostrar a real existência viva de uma relação dialética entre os fenômenos e sua essência, entre o particular e o universal, entre a base material e a consciência, entre a imaginação e a razão. A ciência hoje está se movendo depressa nesta direção, nas ciências da vida, na física e cosmologia. Ela prescreve um uso responsável de nosso meio ambiente. Hoje está demonstrado que este tipo de atitude é a única possível para a vida sustentada no planeta.
Para os muçulmanos o Islã é mais do que uma religião. O Islã é um modo abrangente de vida, cujos ensinamentos cobrem todas as relações humanas, inclusive com o mundo natural. Tal visão, que é holística (o todo e a parte), pressupõe um elo fundamental entre todos os elementos que constituem a natureza. O termo muçulmano é derivado do árabe, muslim, ou seja, o que é submisso à vontade de Deus.
Segundo o Alcorão, Deus tudo criou com um propósito. Sendo que, primeiramente, os seres humanos foram criados para servi-Lo. Já o restante da Criação para louvar a Deus e servir aos seres humanos. Entretanto, o ser humano foi criado com uma característica peculiar – o arbítrio moral, para que realize boas obras, incluindo o trato correto da natureza, preservando-a para as gerações futuras. Para o Islã a responsabilidade final pela ação correta encontra-se no indivíduo, que será julgado no Dia do Juízo Final, independentemente do que os governantes fizeram ou fazem. Daí se conclui que a proteção, conservação e desenvolvimento do meio ambiente e dos recursos naturais é um dever obrigatório para todo muçulmano.
De acordo com os princípios que sustentam a doutrina islâmica referentes à natureza e a diversidade das criaturas (biodiversidade, etnias, culturas) não determina nenhum tipo de maldade, sendo que o mal e os conflitos existentes surgem por causa do egoísmo e afastamento das verdades divinas por parte dos seres humanos, tudo se conecta em equilíbrio. Segundo a doutrina islâmica, Deus confiou ao ser humano Sua criação, portanto os seres humanos representam Deus na terra e devem respeitar Suas leis, rendendo-se a elas em quaisquer circunstâncias.
O Budismo tem uma longa tradição de proteção ambiental. O Buda ensinou os conceitos de interdependência, de causa e efeito, de KARMA (é uma palavra em sânscrito que significa, simplesmente, AÇÃO. Para um hindu, a reação já faz parte da própria ação, as coisas são uma só. Não há, portanto, contexto de pecado, punição ou recompensa, como um ocidental traduz. A causa e sua conseqüência são o mesmo ato, o KARMA), e dos valores do DHARMA (esse possui dois sentidos principais, no hinduísmo e no budismo. DHARMA pode ser sua missão no mundo, o papel que ocupa a proéxis da conscienciologia, o “sonho de morte”, o seu papel sócio-existencial, a sua possibilidade de auto-realização, o que seu inconsciente deve cumprir para se individuar. Para cumprir seu DHARMA, é preciso KARMA (o que não parece nem um pouco com o uso equivocado da palavra).
A maioria dos praticantes de DHARMA quer contribuir positivamente para preservar o meio ambiente, mas a não ser que todos nós trabalhemos juntos, nenhuma solução será encontrada. Além disso, apesar de que começamos a aprender algumas lições sobre o que já esta acontecendo, bons desejos apenas não é suficiente para trazer a mudança, portanto temos que assumir já uma responsabilidade mais ativa. Tomar este tipo de decisão ativa quer dizer que você esta fazendo uma escolha com confiança e não apenas cegamente. Desta forma você pode unir a suas ações a suas aspirações.
Para os hinduístas há uma correlação entre o mundo exterior e o indivíduo em sua essência, que indica continuidade entre o homem e a natureza na criação cósmica. Eles acreditam que as forças que compõem o universo também se encontram dentro do corpo humano. Há uma profunda relação entre a natureza, a ordem humana e o pensamento que vêem todas as coisas do mundo material como atributos da consciência universal.
Para a cultura tradicional Hindu até o lixo é integrado ao ciclo dos processos da vida, a exemplo do excremento fecal da vaca, um animal onipresente para os indianos, recolhido em pequenas porções e vendido para ser usado como gás de cozinha. Outras práticas de tratamento ao lixo, secularmente praticadas por esse povo, senão fosse o atual esbanje de desperdício, seriam condizentes com um modelo ideal para um viver ecológico.
Ao que se nota, o ambientalismo Hindu contemporâneo é motivo de preocupação, a poluição e o consumo desenfreados que provocam altos efeitos destrutivos, tudo isso pode dificultar o processo cultural hinduísta que há séculos apregoa o meio ambiente como sagrado. O país indiano é uma das economias industriais que mais crescem, atribuindo desafios demasiados para os ambientalistas. Na tradição Hindu, as pessoas não se separavam da terra, tudo era continuidade. Para a essência do pensamento Hindu a natureza está sendo desrespeitada e Ganges, a deusa mãe, parece inconsolável.
A Bíblia diz que: “Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e em seguida os abençoou dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a Terra, sujeitai-a, e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que se move sobre a terra. Eis que tenho dado toda erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra, e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda erva verde será para mantimento; e assim foi. E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto”. (Gênesis 1:28)
Tal episódio da criação nos revela que a intenção primária de Deus para com o homem frente à natureza criada era uma só, o exercício da mordomia, ou seja, o cuidado (preservação) que o próprio homem deveria dispensar à natureza. A sujeição e o domínio que o homem estaria exercendo frente o ecos deveria dar-se a partir do senso de responsabilidade ambiental, que, por conseguinte estaria lhe garantindo o próprio bem estar, sua provisão, e por isso a garantia da subsistência. Este mandamento foi dado antes da entrada do pecado no mundo, mas se estendeu ao período após o pecado ter contaminado a humanidade e a natureza e é válido até os dias atuais.
A flora, a fauna, os ecos sistemas, as estações do ano, a água, o ar e toda a harmonia dos mecanismos que o planeta Terra possui para manter a vida são obras incomparáveis do poder criador de Deus. O Apóstolo S. Paulo escreveu no prefácio de sua carta aos Romanos que: “os atributos invisíveis de Deus (Onipotência, Onisciência e Onipresença), assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas” Romanos 1:20. Em síntese, Paulo declara que a Natureza retrata e ao mesmo tempo estampa a Glória de seu Criador.
Refletir o Ecossistema à luz das Sagradas Escrituras é de suma importância, sobretudo, porque na Palavra de Deus encontramos respostas e orientações para qualquer indagação, inclusive referentes ao Meio Ambiente. “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (II Tm 3:16-17).
O desejo do coração de Deus é que estejamos refletindo mais seriamente a respeito da nossa própria cidadania frente à necessidade de preservação ambiental. É extremamente possível continuarmos avançando tecnologicamente e economicamente a partir da práxis da sustentabilidade. Preocupar-se com a segregação da Natureza e ao mesmo tempo dedicar-se à preservação da mesma implica ao mesmo tempo em investirmos no Reino de Deus, pois segundo Davi, o salmista: “Do Senhor é a terra e toda a sua plenitude”. Preservar a criação é o mesmo que enaltecer o Criador, tal idéia está diretamente relacionada também à busca prioritária do Reino de Deus.
REFERÊNCIAS
ALCORÃO
BÍBLIA
DONATO, Jair. Mundo do hinduísmo e meio ambiente. Gazeta Digital. 2009. Disponível em:<www.gazetadigital.com.br>. Acesso em: 10 abril 2014.
FREEMAN, Tzvi. Torá: a ciência Divina. Disponível em:< www.chabad.org.br/>. Acesso em: 10 abril 2014.
GUALBERTO, Euller. A Bíblia e o Meio Ambiente. Disponível em:< www.isbl.org.br>. Acesso em: 10 abril 2014.